sexta-feira, 27 de julho de 2012

O crescimento evangélico brasileiro e suas muitas implicações...

Recentemente em um conhecido canal da TV aberta, falou - se a respeito do crescimento numérico dos evangélicos no Brasil. Ao ver a reportagem sendo exibida em horário nobre, num telejornal de domingo, fiquei impressionado.

Realmente, o crescimento numérico dos evangélicos brasileiros é estarrecedor. Todavia, mais estarrecedor     nisso, é o empobrecimento ético, cultural e moral dos evangélicos que fazem parte dessa massa numérica.

Tenho observado, que para muitas denominações cristãs (ditas evangélicas), houve uma verdadeira inversão dos valores do evangelho e do reino. Se o crescimento numérico dos evangélicos fosse acompanhado de um crescimento cultural, moral e ético, tudo seria diferente.

O que fizeram com o evangelho?

O crescimento evangélico brasileiro em termos numéricos, chama - nos a atenção para as seguintes implicações:


a) No que a igreja evangélica brasileira tem contribuído de modo positivo no aspecto ético?

Ao ler os evangelhos, e estudar de forma detalhada os ensinos de Jesus Cristo, vê - se que de lá, para cá, muita coisa mudou. A maior crise enfrentada atualmente pelos cristãos e por muitos líderes religiosos está entre o discurso e a prática.

O discurso é bonito, convincente, atraente, mas totalmente desassociado da prática. Hoje os fins justificam os meios. A ganância pelo poder, a capacidade de mover as massas, e o sonho de estar "sob os holofotes" a qualquer custo, acabou ofuscando o verdadeiro propósito para qual a Igreja foi estabelecida. O anseio de galgar degraus importantes no seio da sociedade, e atingir o reconhecimento da mídia, fez com que Igrejas e muitos líderes perdessem o verdadeiro sentido da expressão "Buscai primeiro o reino dos céus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas"...

Igrejas onde num mesmo culto o recolhimento de dízimos e ofertas chegam a ser feitas 5 (cinco) vezes, entre votos, compromissos, acertos, etc..

Muitas Igrejas ditas evangélicas, parecem mais indústrias e empresas do que propriamente Igreja. Assusta ver denominações cuja arrecadação deixa para trás muitos bancos brasileiros, virarem as costas para o órfão, para a viúva, para o sem teto, para o marginalizado. Parece - me que chamar a Igreja de instituição sem fins lucrativos, está mais para conversa fiada. Jesus Cristo é o maior exemplo ético em todos os aspectos, pois não só cuidou de questões relacionadas à alma humana, como também não esqueceu de aspectos importantes relacionados à sobrevivência. 


b) No que a Igreja evangélica brasileira tem contribuído de modo positivo no aspecto cultural?

Cristão não gosta de ler, de examinar de confrontar. Diga - se de passagem que a maioria das editoras evangélicas contribuem para isso. Basta fazer uma análise dos preços dos livros vendidos na maioria das livrarias evangélicas e chegar - se - á a conclusão de que um aposentado que ganha apenas um salário minimo mensal, não teria condições sequer de comprar um livro para ler, dada a circunstancias econômicas de nossa nação. Observo que a maioria dos escritores brasileiros ( com suas raríssimas exceções) estão mais preocupados em ganhar destaque e reconhecimento, do que propriamente difundir a mensagem da cruz. 

Muitas Igrejas evangélicas não estão preocupadas em formar cidadãos que tenham senso crítico, que gostem de questionar, emitir opiniões, travar debates que tenham relevância para Igreja e para sociedade, e isso tem refletido de forma negativa dentro e fora da Igreja. Estamos percebendo que quanto menos os cristãos tiverem conhecimento da verdade melhor é. Verdade não somente ao que tange os valores do reino, mas que nos cercam a todo instante em todo lugar.

Lamentavelmente, a Igreja evangélica brasileira está devendo muito a sociedade no aspecto cultural.


c) No que a Igreja brasileira tem contribuído de modo positivo no aspecto espiritual e moral?

Numa confusão generalizada. As práticas ultimamente usadas em determinadas denominações são de arrepiar os cabelos. É venda de rosa, sabonete, óleo de Israel, fogueira santa, quebra de maldição, compra de gado para uso próprio, revelação pessoal e íntima sobrepondo - se a autoridade da bíblia, e a liturgia do canto em lugar da liturgia da bíblia, e por aí vai, a lista é infinita....

Martinho Lutero, certa vez afirmou que "muito dessas práticas são amuletos que servem para sustentar uma fé caída", e com razão. A única regra de fé e de prática são as Escrituras Sagradas. Os muitos modismos inventados por denominações tem gerado uma confusão dogmática e doutrinária tão grande que qualquer escândalo que surge na mídia envolvendo pastores ou Igrejas,  acabam por atingir diretamente todas as Igrejas cristãs. 

A verdade é, que a Igreja evangélica cresce em número e decresce em espiritualidade. E por espiritualidade não quero dizer simplesmente "ser cheio do espírito santo", mas sim, que a Igreja deve ser aquela que influência a sociedade a produzir aquilo que é bom, reto, honesto, digno, agradável e aceitável diante de Deus e dos homens.

Já no aspecto moral, basta olharmos para a representatividade dos evangélicos na política. É uma vergonha. O que leva um pastor, (com suas raríssimas exceções), adorador, alguém que sempre dedicou sua vida de fato a causa do evangelho entrar na política? Ajuda ao próximo? Combater a injustiça? Reduzir a desigualdade social? Dar pão a quem tem fome? Duvido, e duvido muito!

Se um cantor gospel (dito famoso) ou pregador (dito famoso) sequer comparece a um evento religioso de graça, imagine na política, entraria sem querer obter nenhuma vantagem? Duvido.

As vezes fico pensando o que de fato Jesus Cristo pensa de tudo isso...


Por fim, acredito que o crescimento evangélico no Brasil, só nos leva a uma reflexão séria e profunda para chegarmos a conclusão de quem verdadeiramente nós somos, onde estamos, e para onde nós vamos.

Pelos Interesses do Mestre;

São Paulo, 27 de Julho de 2012.